quinta-feira, 9 de setembro de 2010

CAP 8

Enquanto Gray se dirige a passos largos para a casa grande, na mesma Cândia imagina diferentes maneiras para se vingar dele.
Em cima da sua secretária pesquisa orações e mesinhas que não só façam Gray sofrer, como também a Linda. Ela nunca hesitou em concluir que ele não aparecera naquele dia por sua culpa, que tinha ido atrás dela para o bosque.
-Como era bela. Porque tinha de aparecer na sua vida?
Pensa.
Tinha tudo corrido tão bem, até aquela camponesa aparecer. Odiava-a, tinha de a tirar do seu caminho.
Albergam em casa desde que a sua mãe morrera uma anciã que é conhecida nas redondezas pelos seus preparados mágicos e desde que toma conta de Cândia que a brincadeira predilecta da menina era ajudar no preparo dos mesmos, e assim foi aprendendo. Tal qual bruxa má aprendeu e desenvolve, agora conjuros maléficos que lhe auferem poder sobre seus adversários. A menina mimada não aceita a derrota, habituada a ter tudo o que quer, este é mais um dos seus caprichos orgulhosos.
A sua mãe morrera durante o parto, Cândia, nome que o pai e a maléfica ama lhe deram, é a menina nas mãos das bruxas.
O ambiente do quarto é carregado e mina tudo á sua volta. O quarto grande, espaçoso, mas no entanto cheio, não tem plantas, nem decoração de quarto, mas sim um amontoado de livros, vidros, em forma de taças, tubos, frascos com essências, folhas secas, outras ainda verdes, um cheiro de um putrefacto e adocicado forte, colmata a ornamentação.
Manipula a sua colecção, mistura-os, agita-os, até a sua amálgama ser um concentrado fatal. Junta-lhes palavras rezadas e cânticos desafinados em sussurro, até as forças do mal virem em seu chamado.
Nunca amou. Alimentou sempre o seu ego de mentiras e fantasias roubadas e guarda-os em falsas expectativas de menina mimada.







Gray depara-se com o conde mesmo á entrada da casa. Faz um gesto com a cabeça afim de os seus homens o impeçam de entrar.
- Precisamos falar.
Diz Gray, dirigindo-se ao conde.
- Não falo com gentalha falida.
Responde-lhe com ar de desprezo e indiferença.
- Mas parece que até ontem falava e até me queria para genro.
- Isso sempre foi um capricho de Cândia, limitei-me a deixar andar para lhe fazer a vontade. Mas melhor assim, ia ser uma vergonha para a família e ainda me teria de ver obrigado a ajudar a tua.
Entra no carro e fecha a porta, três homens acompanham-no.
Gray sem mais ter ali a resolver, dá meia volta e afasta-se da casa.
Cândia observa ao longe, da janela do seu quarto a quezília. Tem desgosto do desamor dele. Ele é tão lindo, sonhou tantas vezes com ele a amá-la, a desejá-la, mas isso nunca aconteceu, ele sempre a viu como uma … prima. Agora já nada disso importa e o seu objectivo é a vingança, que a cega para tudo mais.






É perto do meio-dia e nem querendo ou sabendo se seria o melhor a fazer, Gray decide procurar Linda e atravessa o bosque. O sol que espreita por entre as altas árvores queima-lhe a pele, está a pique e o calor aperta, fazendo com que pare junto ao lago para se refrescar.
Aquele sitio ainda guarda memórias da noite anterior, ele procura-a nas folhas secas, que horas atrás taparam e aconchegaram seu corpo. Baixa-se e pega numa mão cheia e leva-as ao nariz fechando os olhos e inalando o odor da sua fêmea. Procura-a, olhando em seu redor, mas não está, solta as folhas e dirige-se ao caminho que leva até sua casa, mas sempre com cautela. Ao aproximar-se ouve vozes e mantém-se escondido observando como se de um detective se tratasse.
A porta da sua casa está vigiada, os homens que vira antes e lhe barraram a entrada na casa grande encontram-se agora abalroando a casa da mulher que pensa ser sua e de quem nada sabe além do que os seus corpos disseram. Teme a verdade. Espreita com atenção. Tenta aproximar-se com cuidado para não ser visto. Contorna a casa na esperança de a ver, anseia por estar com ela, mas não sabe como, não sabe nada, sente-se como uma criança que brinca às escondidas mas tem medo de ser apanhado. Da sua amada não há sinal. O que terá ela a ver com o conde? Está confuso e perturbado.






A casa por dentro está agitada. Melinda não quer ir contra seu pai, mas ele não tem o direito de escolher o seu destino, e nega-se a casar com o conde encarando-o, o que o deixa ainda mais ansioso por tê-la. Não tem outra solução ou seu pai ficará sem nada. Felon olha-a com um sorriso enojador e ela fita-o sem soltar alguma expressão no rosto.
- O meu corpo nunca será seu.
- Tu já és minha. O teu pai vendeu-te, não te deste conta ainda.
Diz Felon apertando o pulso de Melinda e levando a sua mão junto da sua peçonhenta boca.
Austero sai porta fora incomodado. Nunca foi intenção dele vender a filha, apesar de ser essa a realidade, o seu único intuito era deixá-la com uma vida estável e em segurança.
Gary continua à coca, para entender o que se passa e vê Austero sair de casa cabisbaixo.
- Quem será? Oh meu Deus, o que se passará ali? O que é que o conde terá a ver com Linda?
Diz em tom de murmúrio.
De todos os problemas que a sua vida tinha, e que tinham começado todos no mesmo dia, aquele era sem dúvida o mais importante. Será mesmo esta a sua casa? Realmente não a vira entrar. Ter-lhe-ia acontecido alguma coisa? Poderia ele ajudar? Ali estava ele escondido, sem nada fazer, caso ela precisasse dele. Mas como iria ele descobrir?
Cinge-se a ficar sentado junto ao lago tentando imaginar alguma maneira de chegar até ela. Mais tarde dirige-se para casa.







É quase hora de jantar, na casa de Gray, Rosa, espera-o sem dele nada saber, está ansiosa e preocupada, ele é seu único filho e sempre para ele vivera. O ambiente da casa está tenso, Anthony inventa uma reunião para dela se ausentar, a vergonha dele leva-o a refugiar-se em outros lugares.

Sem comentários:

Enviar um comentário